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Turismo, sustentabilidade e economia: como Barton Creek Green belt une três pilares em Austin, Texas

Piscina natural de Barton Springs reúne turistas e locais diariamente
Piscina natural de Barton Springs reúne turistas e locais diariamente

Em meio aos muitos prédios, carros, bicicletas e pedestres pelas ruas da cidade de Austin, no Texas, um refúgio: o Barton Creek Greenbelt. Com mais de 19 mil km de extensão, o cinturão verde no coração da metrópole conta com espaços naturais que oferecem trilhas, escaladas, mirantes, cachoeiras e até passeios de bicicleta pelas montanhas sem custo. Segundo a ONG Trust for Public Land, a área é alvo de visitação de aproximadamente 1,5 milhão de turistas por

ano na capital, que já é conhecida por inovação e sustentabilidade e integra a rede de cidades do C40 em 2025.


Para moradores ou turistas, os espaços do Barton Creek Greenbelt chamam a atenção pela beleza natural e proximidade da cidade. “É um lugar muito bonito e perto de Downtown (centro da cidade). É difícil encontrar um espaço com trilhas tão bonitas e próximas à área urbana”, diz Matthew Guthrie, influenciador local e dono da conta @hikeaustin no Instagram. Para o criador de conteúdo, o cinturão varia de acordo com as temporadas. “Nem sempre tem água nos rios e cachoeiras, então você precisa verificar se é uma boa época do ano para visitar”, pontua.


Vitória Mussi, universitária de 19 anos e moradora de Austin, afirma já ter visitado as áreas do Barton Creek diversas vezes ao longo dos anos. “Minha primeira visita às trilhas faz tanto tempo, que nem lembro quando foi. Sempre vou para o Barton para correr antes da aula ou só ficar por lá com meus amigos. É um clássico para visitar em Austin”, diz. Segundo a estudante, a parte favorita da área é, assim como Matthew, a praticidade de locomoção. “Eu gosto de como você pode estar tão perto da cidade e da natureza ao mesmo tempo”.


Conservação


A conservação do cinturão Barton nem sempre foi um consenso. No início da década de 90, uma proposta de desenvolvimento planejado que cobriria 16 km na área ameaçou a qualidade da água das nascentes e a integridade ambiental dos arredores. Em resposta, mais de 1.000 moradores de Austin se reuniram para assinar e se manifestar contra a medida de desenvolvimento, que após a movimentação, teve rejeição unânime.


Depois do “susto” nos cidadãos, a área seguiu sem prejuízos e está conservada até hoje. Para o movimento Save Our Springs, original dos anos 90 após a ameaça contra o Barton Creek, a mobilização realizada pelos membros da organização provou que o futuro da área pode ser preservado “por aqueles que levantam as vozes para protegê-lo”.


Arthur Quaresma, porta-voz em Relações Corporativas da empresa de projetos urbanísticos

sustentáveis Verde & Azul Urbanismo, explica que a manutenção de áreas verdes como o Barton Creek Greenbelt é uma estratégia eficiente para perpetuar o equilíbrio na preservação da fauna e flora nativa, a partir da ocupação consciente do espaço pelos moradores. “A contribuição da sociedade e das entidades públicas, com a criação de um conselho comunitário e uma associação de moradores que possa estabelecer critérios justos e adequados às necessidades locais é fundamental neste processo”, complementa.


Atualmente, a região tem boa reputação quanto à conservação, ainda que com casos pontuais de poluição. “No geral, as pessoas lá têm consciência ambiental, mas algumas vão fazer festas de aniversário e ainda deixam lixos pelo local”, detalha Matthew.


Riscos


Apesar da beleza natural e atividades externas que o Barton Creek oferece, a visita à área pode

ter alguns riscos. O influenciador digital Guthrie conta que o principal ponto negativo da área é a quebra de carros e furto de itens dentro dos veículos. “Esse é um problema que atinge toda a cidade, mas em Barton Creek acontece com uma frequência maior, infelizmente”, afirma. Guthrie orienta aos visitantes do local não deixar itens à mostra dentro dos veículos e ter cautela quanto aos furtos nos parques.


Em setembro de 2021, foram detectados níveis elevados da toxina Cilindrospermopsina, produzida por cianobactérias, nas águas da área de nado Sculpture Falls, parte do cinturão do Barton. A ingestão da substância pode causar sintomas como dores de cabeça, diarreia com sangue e vômito. Também no mesmo mês, um nadador da região relatou ter tido os efeitos colaterais depois de ter contato com a água contaminada.


Após a denúncia, a prefeitura de Austin mobilizou o Departamento de Proteção de Bacias Hidrográficas, que coletou amostras e realizou o monitoramento da área até constatar a redução da toxina para um nível seguro. Mesmo com o sucesso na tarefa, a prefeitura alertou os moradores que os níveis mais altos de toxina ou uma cianotoxina diferente “retornarão sem aviso no futuro". "Evite nadar se a água estiver morna, se parecer estagnada, se houver espuma ou película na água ou se houver aglomerados de algas", orientou a gestão em comunicado oficial.


Quem visita o cinturão também deve atentar-se à Hera Venenosa (Poison Ivy), planta nativa dos EUA e comum no Texas, que causa reações alérgicas à pele. Além disso, checar as condições climáticas e preparar-se para eventuais trilhas, escaladas ou percursos de bicicleta é importante. Leve água, lanches, um celular carregado e evite fazer os percursos sozinho (a).


Impactos econômicos


De acordo com o Relatório Anual da cidade de Austin de 2023, os parques da capital acumularam 1,8 milhão de dólares em receita no ano de 2023, com $777 mil vindos de turistas

que visitaram a cidade para eventos especiais nos espaços. Ainda segundo o documento, a prefeitura de Austin investiu $9,7 milhões nos parques e $3,8 milhões nas trilhas da metrópole.


O esforço da prefeitura em otimizar as áreas verdes traz resultados expressivos: “O Greenbelt vive lotado. Ele atrai turistas e consequentemente ajuda na economia da cidade. Acho muito legal como o local traz tantas pessoas à cidade em que eu moro”, comenta Vitória. Para Quaresma, o planejamento urbanístico nas cidades é positivo, à medida que pode oferecer novos espaços para desenvolvimento de práticas esportivas, espaços gastronômicos, clubes e desenvolvimento da malha hoteleira, que também contribui para a economia local.


Sustentabilidade e saúde


Um estudo publicado no International Journal of Environmental Research and Public Health pela Escola de Saúde Pública da Universidade Texas A&M sugeriu que moradores de cidades com mais áreas verdes precisam de menos serviços de saúde mental. Em outra publicação da

Texas A&M, desta vez pelo Serviço Florestal, os parques e trilhas são definidos como componentes “majoritários” para firmar a qualidade de vida de uma região. Os documentos acadêmicos demonstram o papel de áreas como o Greenbelt no crescimento social e conômico de metrópoles.


Comprometida com o combate ao aquecimento global e outras questões climáticas em pauta na atualidade, a cidade de Austin contribui na luta pela conservação do meio ambiente de diferentes formas. O cinturão de Barton Creek é um dos meios expressivos pelo qual a cidade se junta ao movimento pelo Planeta Terra. “É como se o Barton Creek já fizesse parte da nossa cultura”, finaliza Guthrie.

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Sobre Nós

Natureza Urbana é um portal informativo comprometido com a divulgação de notícias ambientais, com enfoque nas cidades do C40 e na COP 30. Nosso site, idealizado por estudantes de jornalismo, tem como propósito destacar a importância da transformação urbana. Nosso público-alvo abrange ambientalistas, jornalistas e indivíduos envolvidos com questões ambientais e políticas relacionadas. 

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Somos alunos da disciplina "Redação Jornalística" da PUC-Rio, orientados pelo professor Chico Otavio, autores de reportagens com temas ligados às cidades do C40. Essa rede mundial reúne 97 prefeituras em ações contra a crise climática. O trabalho aborda inovações sustentáveis e problemas ambientais presentes no dia a dia dessas cidades.

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