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Programa Salvador Solar enfrenta dificuldades para popularizar energia limpa


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Quatro anos após seu lançamento, o programa Salvador Solar enfrenta o desafio de ampliar seu alcance e popularizar o uso da energia solar entre os moradores da capital baiana. Até agora, de 200 imóveis particulares obtiveram o selo de energia renovável - na capital baiana, segundo o Censo de 2022, existem 1,2 milhões de domicílios. Daniela Correia, profissional do setor, alerta que a  burocracia para a aprovação junto às concessionárias é um gargalo que desanima muitos interessados. "Além disso, ainda existe a percepção de que a energia solar é um luxo, inacessível para famílias de menor renda — o que não corresponde mais à realidade, sobretudo com os financiamentos”, advertiu.


A energia solar avança em todo o mundo — com a Agência Internacional de Energia (IEA) estimando que ela será responsável por um terço da expansão global das fontes renováveis até 2030. No Brasil, dados da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR) indicam que o país já ultrapassou a marca de 2 milhões de sistemas instalados em telhados, fachadas e pequenos terrenos, com capacidade total superior a 29 GW. Mas, e em Salvador — a cidade com um dos maiores índices de irradiação solar do Brasil —, os objetivos do programa têm sido cumpridos? De acordo Daniela, “os avanços são visíveis, especialmente no setor residencial, mas ainda há muitos desafios.”


Etapas para quem quer gerar a própria energia


Adotar energia solar em casa envolve etapas técnicas e legais, mas especialistas garantem que o processo é cada vez mais acessível. Daniela Correia, profissional do setor, explica que tudo começa com uma análise do consumo energético da residência e uma vistoria no imóvel para avaliar a estrutura do telhado, a orientação solar e as condições de sombreamento.


Com essas informações, elabora-se um projeto técnico que precisa ser aprovado pela concessionária local (Coelba/Neoenergia), antes da instalação dos painéis e inversores. “O tempo entre a assinatura do contrato e a geração de energia varia de 30 a 90 dias, dependendo da entrega dos equipamentos e da liberação da distribuidora”, detalha Daniela. Ela destaca ainda que a manutenção é simples, e muitas empresas oferecem monitoramento remoto e visitas técnicas programadas para garantir o desempenho do sistema.


Como funciona a instalação


Segundo dados da ABSOLAR, a economia na conta de luz para quem adota sistemas fotovoltaicos pode chegar a 95%, dependendo do perfil de consumo e do dimensionamento do sistema. O investimento inicial, que já foi um dos grandes entraves, hoje pode ser diluído por meio de financiamentos bancários com prazos de até 10 anos e juros que vêm caindo com a ampliação das linhas verdes de crédito.


Além da economia, os imóveis com energia solar passam a ter maior valorização no mercado e mais autonomia frente à volatilidade das tarifas energéticas. Embora uma das principais iniciativas do programa seja o IPTU Amarelo, que concede até 10% de desconto no imposto predial para imóveis que produzem sua própria energia limpa. Para Daniela, o programa Salvador Solar ajuda, mas ainda precisa de reforço. “É uma iniciativa importante, mas ainda pouco conhecida pela população. Faltam campanhas educativas e uma linguagem acessível que mostre o quanto o sistema é viável”, analisa.


Perfil do público


O perfil predominante entre os consumidores da energia solar em Salvador segue uma lógica nacional: imóveis de médio a alto padrão, com consumo mensal acima de 300 kWh, e proprietários preocupados com sustentabilidade e retorno financeiro.


Entretanto, Daniela destaca dificuldades que ainda limitam a expansão do programa. “Apesar dos avanços, falta mais informação nas comunidades sobre os benefícios e a viabilidade da energia solar. Muitos ainda não sabem que é possível financiar o sistema com parcelas menores que a conta de luz”, observa Erick Fialho, morador do Jardim Armação, foi um dos primeiros a aderir ao programa Salvador Solar. Para ele, o impacto foi imediato. “Hoje minha conta de luz caiu drasticamente, e saber que estou fazendo minha parte pelo meio ambiente é uma satisfação enorme. O desconto no IPTU também ajuda, claro, mas o maior ganho é a autonomia energética”, relata.


A projeção para os próximos anos


De acordo com a Secretaria Municipal de Sustentabilidade e Resiliência (Secis), o programa Salvador Solar já contribuiu para que mais de 200 imóveis particulares obtivessem o selo de energia renovável e o desconto no IPTU. Além disso, prédios públicos municipais também passaram a contar com painéis solares, como escolas, postos de saúde e centros administrativos.


Milena Rigaud, analista ambiental da Secis, afirma que o programa está em constante atualização. “A adesão cresce a cada ano. Estamos trabalhando para reduzir os entraves burocráticos e ampliar o alcance da política, inclusive em áreas de menor renda, com a articulação de linhas de crédito sociais e parcerias com cooperativas de energia”, destaca.


Milena também afirma que há tratativas com empresas e instituições de pesquisa para desenvolver projetos-piloto de microgeração coletiva — modalidade que permite que grupos de moradores compartilhem a produção de energia a partir de uma mesma usina solar.


Os impactos do programa


O uso da energia solar em Salvador contribui diretamente para o cumprimento das metas do Plano de Mitigação das Mudanças Climáticas da cidade. Cada sistema residencial pode evitar a emissão de até 1,5 tonelada de CO₂ por ano, o equivalente a plantar cerca de 10 árvores anualmente.


Com uma média de 2.800 horas de sol por ano, Salvador é tecnicamente ideal para a geração solar. Segundo Daniela, a cidade tem potencial para se tornar uma referência nacional se houver vontade política e mobilização da sociedade. “Temos sol em abundância, tecnologia disponível e cada vez mais pessoas conscientes. O que falta é conectar esses pontos com eficiência e equidade”, afirma.


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Natureza Urbana é um portal informativo comprometido com a divulgação de notícias ambientais, com enfoque nas cidades do C40 e na COP 30. Nosso site, idealizado por estudantes de jornalismo, tem como propósito destacar a importância da transformação urbana. Nosso público-alvo abrange ambientalistas, jornalistas e indivíduos envolvidos com questões ambientais e políticas relacionadas. 

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Somos alunos da disciplina "Redação Jornalística" da PUC-Rio, orientados pelo professor Chico Otavio, autores de reportagens com temas ligados às cidades do C40. Essa rede mundial reúne 97 prefeituras em ações contra a crise climática. O trabalho aborda inovações sustentáveis e problemas ambientais presentes no dia a dia dessas cidades.

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