Crescimento dos carros elétricos no Rio movimenta setor de manutenção e fortalece a mobilidade sustentável.

Reparo de Baterias feito pela Energy Source / Foto: Energy Source

Em franca expansão na cidade do Rio de Janeiro, o mercado de carros elétricos começa a oferecer oportunidades de negócio que vão além da venda dos veículos. De acordo com Jason Vogel, jornalista automotivo, uma tendência para os próximos anos é a criação de oficinas especializadas na troca de células de bateria. “Quando surge a necessidade do descarte, é porque começam a aparecer defeitos de uma célula ou outra. Como a bateria é formada por várias dessas células, as pessoas vão trocar apenas as partes defeituosas. Quem começar a trabalhar com isso agora, aprender e dominar esse mercado, vai se dar bem”, afirmou. Os veículos elétricos a bateria (BEV) são considerados uma das melhores alternativas para a redução de emissões de carbono no setor de transportes. A utilização desses automóveis gera impactos ambientais positivos, como a redução da poluição do ar e maior eficiência energética. No entanto, é importante destacar que a produção e o descarte das baterias também causam impactos ambientais significativos.

Embora as baterias sejam compostas majoritariamente por materiais recicláveis, o Brasil ainda está em estágios iniciais no que diz respeito à estrutura para reciclagem desses componentes. Isso denota uma necessidade maior na questão de infraestrutura de apoio para a realização deste descarte. A vantagem é que a vida útil dessas baterias costuma ser longa, podendo ultrapassar até a própria durabilidade do automóvel. Grande parte dos componentes das baterias desses veículos são recicláveis, porém quando o descarte não é feito de forma correta, corre risco de explosões e contaminação do solo. Uma das propostas mais promissoras para o reaproveitamento dessas baterias, ao fim de sua vida útil nos carros, é utilizá-las como fontes de energia estacionárias. Nesse cenário, a bateria poderia ser instalada, por exemplo, em uma garagem, funcionando como backup para a residência em casos de queda de energia ou até mesmo para recarregar o próprio carro.

Uma das empresas que vêm se destacando nesse novo cenário é a Energy Source, especializada no oferecimento de soluções completas de reparo, reuso e reciclagem de baterias de lítio. A organização atende grupos automotivos, como Audi, Toyota, Renault e BMW. Com foco na sustentabilidade e inovação, a empresa desenvolveu um processo de recuperação que começa com uma análise técnica detalhada das baterias, classificando-as entre aquelas com potencial de reúso e as que devem ser redirecionadas para reciclagem ou novas aplicações estacionárias. As unidades aptas a continuar em operação passam por reparos certificados, com garantia, sob supervisão de especialistas e uso de tecnologia de ponta. Além disso, a Energy Source atua na reciclagem de baterias de íon de lítio, utilizando métodos hidrometalúrgicos para extrair materiais como lítio, cobalto, níquel e manganês, que são reinseridos na cadeia produtiva, promovendo a economia circular e reduzindo os impactos ambientais do descarte.

Com um foco na eficiência desse processo, a empresa investe em soluções tecnológicas que facilitam a manutenção e o reaproveitamento das baterias. “A Energy Source desenvolveu um algoritmo proprietário que avalia a saúde de módulos de baterias, classificando-os de forma precisa para reaproveitamento ou reciclagem”, explica Carolina Ronchini, coordenadora de PD & I da companhia. Segundo ela, também estão sendo implementadas tecnologias de diagnóstico não invasivo e plataformas digitais integradas para gerenciar toda a cadeia de manutenção e descarte. Essas inovações aumentam a transparência, reduzem os custos operacionais e garantem maior segurança e eficiência, contribuindo para uma cadeia mais acessível e sustentável.

Devido a expansão da eletromobilidade no Brasil, a Energy Source tem se posicionado como uma peça-chave na estruturação dessa nova cadeia de valor. A empresa atua como integradora de diversos elos — desde oficinas especializadas até centros de reciclagem e infraestrutura de recarga. “Oferecemos soluções completas para reparo, reúso e reciclagem de baterias, capacitamos mão de obra especializada por meio de treinamentos, desenvolvemos fornecedores locais e estruturamos centros de coleta eficientes”, pontuou a coordenadora de PD & I da organização. A empresa também firma parcerias com universidades e startups que desenvolvem tecnologias voltadas à eletromobilidade. O objetivo é construir um ecossistema robusto e integrado, que fortaleça a mobilidade elétrica no país e gere oportunidades em diferentes pontos da cadeia produtiva.

A mobilidade sustentável é um dos pilares do C40 Cities e já pode ser observada na cidade do Rio de Janeiro, impulsionada pelo aumento da oferta de carros elétricos nas concessionárias. A eletromobilidade é um mecanismo essencial para a transição global rumo a uma economia sustentável, com redução das emissões de carbono no meio ambiente. A ascensão dos carros elétricos, que já marcam presença no trânsito carioca, permite a criação de indicadores para análise do progresso dessa transformação no mercado automotivo da cidade. De acordo com dados da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), no panorama da eletromobilidade, os automóveis com tecnologia BEV (Veículo Elétrico a Bateria) registraram crescimento expressivo em 2024, passando a representar 34% da frota de veículos elétricos no estado do Rio de Janeiro. Essa tecnologia ultrapassou os modelos com tecnologia PHEV (veículo híbrido

plugável), tornando-se o tipo de automóvel elétrico mais utilizado pelos cariocas.

Além dos impactos ambientais, é importante destacar a questão da infraestrutura de recarga. Com mais de 2.500 veículos elétricos licenciados no Rio, cresce a demanda por pontos de abastecimento. De acordo com a ABVE, o estado conta com mais de 500 eletropostos, sendo 1.197 classificados como de recarga lenta e 201 como de recarga rápida. Apenas no município do Rio de Janeiro, são 848 eletropostos, localizados principalmente em shoppings, supermercados e hospitais. Em fevereiro de 2025, o Rio se tornou a primeira cidade brasileira a inaugurar um eletroposto em área pública, na Barra da Tijuca.

O projeto do Eletroposto Carioca contou com o apoio do C40 Cities, e consiste em uma estação de recarga rápida desenvolvida pela empresa EZ Volt, especializada em serviços de infraestrutura de recarga elétrica. A estação tem carregadores com potência de 500 kW e a recarga custa R$2,50 por kW/h. Ele funciona 24 horas e o serviço é feito por autoatendimento. Andressa Souza, proprietária de um veículo elétrico de tecnologia BEV, elogiou a novidade. “O tempo de recarga é muito mais rápido em comparação com outros locais que já carreguei meu carro. Leva cerca de 30 a 40 minutos para completar. Apesar de ser uma opção mais cara em comparação com outros pontos, compensa pela agilidade ".

Do ponto de vista econômico, o carro elétrico é visto como uma tendência crescente. Ter esse tipo de automóvel representa uma grande vantagem, especialmente para quem trabalha com aplicativos de transporte ou percorre longas distâncias na cidade, devido ao baixo custo de manutenção e abastecimento. Jason Vogel reforça esse atrativo: “Muitos motoristas de aplicativo estão migrando para o carro elétrico por causa da baixa manutenção e do custo reduzido de abastecimento. Assim que começam a usar, o gasto com energia elétrica passa a ser cerca de um terço menor do que se gastava com combustível.” A eficiência dos veículos elétricos pode ser observada sob diferentes perspectivas, como a econômica e a ambiental, por exemplo. Embora existam desafios relacionados à produção e ao descarte das baterias, a expectativa é que os carros híbridos e elétricos continuem crescendo nos próximos anos — e que esse crescimento impulsione ainda mais o desenvolvimento da infraestrutura de apoio, como oficinas especializadas em reparo e manutenção. Além disso, espera-se uma evolução significativa nas práticas de descarte correto e reaproveitamento das baterias, promovendo a reciclagem e reduzindo os impactos ambientais. Esse movimento contribui para uma mobilidade mais sustentável no Rio de Janeiro e para a melhoria da qualidade de vida na cidade.