Bicicleta ganha espaço: plano estratégico prevê novas ciclovias e conexão com diferentes modais

Pessoas usufruindo da ciclovia da orla da praia de Copacabana. Foto:Beatriz Sousa

Com 500 quilômetros de ciclovias já implantadas na cidade, a Prefeitura prioriza agora a conexão das bicicletas com outros meios de transporte de alta e média capacidade. Das 266 estações de BRT, por exemplo, 148 ainda não contam com infraestrutura cicloviária em seu entorno imediato. O presidente da CET-Rio, Luiz Eduardo Oliveira, disse que o incentivo ao pedal não demandará apenas a implantação de mais infraestrutura cicloviária, mas, principalmente, o aumento da participação da bicicleta na divisão modal dos transportes da cidade.

“Possivelmente integrarão as ações previstas no PE 2025-2028 a ampliação do sistema de compartilhamento de bicicletas públicas para mais áreas da cidade e, ainda, a meta estratégica de aumentar a participação da bicicleta na divisão modal dos transportes da cidade, o que demandará não só a implantação de mais infraestrutura cicloviária como também e principalmente a redução da velocidade máxima nas vias, tornando o uso de bicicletas nas faixas de rolamento junto aos demais veículos mais seguros, incentivando assim o aumento do uso da bicicleta como modo de transporte.”

O Plano Estratégico 2025-2028, o PE 2025-2028, prevê a expansão da malha cicloviária da cidade em pelo menos cinquenta quilômetros, contemplando todas as regiões da cidade. A proposta inclui ainda a criação de novas rotas para bicicletas no Distrito de Baixa Emissão (DBE), área delimitada no centro da cidade que integra um conjunto de ações voltadas à redução da emissão de gases de efeito estufa (GEE). Além de incentivar modos de transporte sustentáveis, o plano também prevê a requalificação dos espaços públicos, promovendo um ambiente urbano mais acessível, seguro e ambientalmente responsável.

Ciclista se locomovendo no meio dos carros.  Foto:Beatriz Sousa

A segurança no trânsito é um dos principais desafios enfrentados por ciclistas. Somente em 2024, foram registrados 3.017 acidentes envolvendo bicicletas em todo o estado do Rio de Janeiro, apesar da adoção de medidas para moderação do tráfego, como a implantação das “Zonas 30”, áreas onde a velocidade máxima permitida é de 30 km/h, com o objetivo de proteger os usuários mais vulneráveis. Segundo o major do Corpo de Bombeiros, Fábio Contreiras, a falta de respeito por parte dos motoristas de veículos maiores é um fator recorrente, especialmente em cruzamentos, conversões à direita e durante a abertura inesperada de portas de carros estacionados. No entanto, ele também destaca que muitos ciclistas ainda não estão devidamente preparados nem conscientes das normas de segurança no trânsito.

“Muitos ciclistas não utilizam equipamentos de proteção, como capacetes e luzes de sinalização e acabam por desconhecer o que o Código de Trânsito Brasileiro determina sobre as bicicletas.”

Além dos riscos de acidentes, os ciclistas enfrentam também a constante ameaça da violência urbana, o que aumenta ainda mais a vulnerabilidade de quem escolhe a bicicleta como meio de transporte. Assaltos durante o trajeto e furtos de peças, ou até mesmo da bicicleta inteira, podem ocorrer a qualquer hora do dia, inclusive em plena luz do sol. A estudante de jornalismo Joana Macedo é um exemplo de alguém que vivenciou essa realidade. Em novembro do ano passado, teve a bateria do meio de transporte furtada, um episódio que, segundo ela, evidenciou a sensação de insegurança enfrentada diariamente por quem pedala na cidade.

"Foi muito difícil constatar que eu fui furtada quando eu cheguei e não vi a minha bateria na bicicleta. Que realmente aconteceu comigo. Era o transporte oficial pro meu trabalho, e eu deixei de ir pelos meses seguintes porque, sempre que eu tomava coragem, passava o dia ocupada sentindo medo. Não faz sentido precisar viver em estado constante de alerta, acaba com a qualidade de vida que a premissa da própria praticidade da bicicleta deveria proporcionar.”